junho 28, 2013

Bobina

Eras tu eras tu que estavas lá a servir comigo o café de hortelã e terra eras tu que me não deixavas em paz e continuas a aguar-me os pensamentos com uma saudade intensa e intensamente pronominal. Pronominal por que está tudo invés. Invés do no nome, invés da maçã, invés da cadela… uma invésibilidade quase invisível e omniscientemente presente em tudo e redundantemente mais que tudo.

janeiro 08, 2013

Reconstruir

Processo de construir outra vez
Processo-me a reconstruir outra vez..
Partiu-se-me a minha chuva ao vento
Partiu-se-me e recoloquei a ligadura
Reconstrui-me devagarinho sem pressa
Espreitei e não era noite
Estava quase...

dezembro 08, 2012

Nem acredito que recuperei o meu blog!!!!!

janeiro 28, 2009

Aceder a esse jardim...

foto: cinza

Não encontramos os degraus. Perdemo-nos na euforia do passado que nos toca e nos dá as mãos de uma forma suave, quase como se no existisse. Visto o mesmo casaco. Preto. Uma malha retraída pela luz do sol a ofuscar-me simplesmente. O casaco que agora é branco e o rosto. o rosto onde se perdeu o rubor da minha timidez e assume agora os traços de todos os rios do mundo.

janeiro 17, 2009

Bina

Lembras-te como ficavas acordada apenas para brincar comigo?... lembras-te? Lembras-te do som do candeeiro a inflamar-te os olhos para fingir que compravas as coisinhas minúsculas que eu inventava no meu timbre de criança irrequieta. Dizia-te a missa com seriedade...rezava-a todinha como via fazer o padre da branca igreja. No fim comias uma batata frita.. de pacote.. a hóstia em festival infantil sem intenção de ofender aos deuses. A batata porque era domingo e ao domingo comíamos frango.. Lembras-te?... lembras-te do teu sorriso... da tua pele junto à minha... do cheirinho a bananas na tua mesinha de cabeceira... Lembras-te?
Eu nunca me vou esquecer...

dezembro 03, 2008

Pairando

foto: cinza xtulk

Algumas palavras na sombra das águas a meditar
Ficam as palavras isoladas em laços de ternura não dados
Deidificam-se os elos gerados entre as mãos
Nenhuma ave nidifica na palma das ondas
E a fervura das águas estremece
no cálcio das minhas sedes onde nadam navios
ancorados na imersão sufocada pelo tédio
O compasso das invencibilidades
O adormecer dos cantos à velocidade da clepsidra
que não pára, que não reduz, mergulha em corrente
Mas mesmo em corrente estagno, abro as asas e estagno de bruços
E fico-me a planar sobre o dia e a noite
Fico-me avançando ainda que milimetricamente...


outubro 31, 2008

Evelyn Waugh - SCOOP

Scoop é um livro genial dos anos 30. Esse "furo jornalístico" conseguido por mero acaso por William, remete-nos a uma sociedade de elites estritamente ocas no seio da aristocracia rural vs urbana. Convido-vos a esta leitura e a deixar a caricatura, o exagerado e polémico sentir que se entranha ana sociedade dos dias de h0je cada vez mais circular e elitista não fosse esse o acimar do capitalismo.

outubro 28, 2008

Encontros

foto: cinza
As fundações sólidas persistem
Mesmo que na memória nos obriguem a calar perante os segredos e as cores da vida..
Não podemos adorar texturas inconcebidas ao nosso campo de visão... fazêmo-lo a todo o instante na tentativa de agradar aos outros.
Sobretudo ao outro que nada ou quase nada nos diz
ou lá no fundo não nos diz
ou não nos diz nada lá no fundo...
A alma que perde e esquece o berço da sua fundação
A fundação que parece sorrir adivinhando a efemeridade circular do circuito derradeiro que se completa independentemente de sermos a espontaneidade da luz ou a luz efervescente da mimese vulgar...

outubro 14, 2008

T

Uma tendência a puxar-me para o vazio
É interminável o corredor de sons a agastar-me
Entorpeço-me na floresta das calçadas
Onde o abismo se deita à minha espera
Tento controlar-me
Não consigo tomar conta de mim
É absurda a questão do pensamento a abafar-me
Revejo as margens onde circulo
Onde a esperança me morre entre os dedos
Das minhas mãos que já não são mais mãos
Temo-me.
Temo-me a mim própria na confusão do vento
Tenho-me propriamente a mim e nada mais além disso
Uma tendência a corroer-me lenta e velozmente
Aquecer uma vela com o sopro que a extermina
Revejo-me. Revejo-me.
Desconheço a pessoa onde estou e aonde estive
É incansável a luta parda a agredir-me
A existencializar-me face à minha extinção
Não quero mais ver. Não quero mais ver.
O soluço desse pedido a implorar a visão
Cresço. Cresço devagar... muito devagar
O tempo espera? O tempo espera?
O tempo esperou...
Deixo-me numa tendência persuasiva abater-me no não-encontro da espera
Deixo-me...
Ergo a cabeça, ouço os sons a falecerem-me
Encosto-me... não tenho mais pescoço para manter seguros meus olhos
Ausento-me da forma. Ausento-me do conhecimento
Anulo-me... Anulo-me.
Perco-me encontrando-me de braços abertos
ao vazio desta minha tendência

junho 13, 2008

"Learning to Swim"

foto: cinza xtulk

"Children, you are right. There are times when we have to disentangle history from fairy-tale. There are times (they come round really quite often) when good dry textbook history takes a plunge into the old swamps of myth and to has be retrieved with empirical fishing lines."
in Waterland Graham Swift

abril 14, 2008

Aleg(o)ria da Vida

John Bunyan oferece a continuidade da salvação possível. Apesar de reservado a uma só religião, a condenação do peso supremo situa-se nas relações além-crenças.

janeiro 10, 2008

El Laberinto del Fauno


¿Te atreves a entrar conmigo en el laberinto?

outubro 09, 2007

ssssssss [És] Voa [ssssssss] Ar : ...

Foto: MARIAH

Apanharemos os pássaros quando o dia já estiver bem alto... no azul céu das asas dos pássaros que se cruzam mar eterno pelas nuvens fora...
Seremos não mais que os pontinhos leves das gotas de orvalho esquecidas nas nádegas do tempo...
E tu...
E eu...
Leve criança...
Azul...
Bem alto...
Estarei no cimo de todas as coisas esperando o regresso a esse mesmo bater de asas contínuo.



outubro 06, 2007

(Ad)verso


A linha do sorriso despenhara-se nos olhos dele...
Era lua e ainda não tinha chovido...
Choveu mais tarde na dor de prazer frenesim de aromas..
Beijei-o em segredo: és o meu olhar
Olhei-te num silêncio público: és-me...
"Takk"

setembro 12, 2007

Petrificar

Inserir
Básico
No espectro
Cores transversas ao silêncio
Matemática de destinos
Circundados
Pelo norte
em si
( )

agosto 11, 2007

Voltando na Maré

Encontramo-nos aqui ao por-do-sol como havíamos combinado... Aqui estou... junto dele... a luz parece-me agora mais clara depois do período de gestação enquanto criança...

junho 01, 2007

SEMPRE

Serei criança sempre...





maio 30, 2007

Portões de sabre

Foto: David Sousa
Apeteceu-me pintar a cara de negro e integrar-me na solidão azul da noite a fazer-se de meu cobertor... Era já tarde para me fundir no rosto da noite... Era já tarde para adormecer no corredor paralelo ao índice supremo dos meus sentimentos confusos expulsados em colorido pela íris de uma florzinha sem pétalas... esvoaçada por um simples sopro...
Era inevitável encontrar os sapatinhos vermelhos debaixo da cama junto do rabinho do gato adormecido e esquecido ao pó... o gato vermelho que ambos, tu e eu fizemos de árvores só porque não nos apetecia chorar as lágrimas devidas... Promete-me... promete-me uma coisa muito simples... muito clara: não me deixes adormecer até transformar a energia desta fresta em novidade e estranhamento de petulâncias e infantis medidas sociais do dia a dia. Trevo da sorte em toda a rua verde à volta do castelo... ergue-se a ponte levadiça.. ergue-se e abate-se sobre o chão... vejo tuas listras no ventre... é madrugada... já se abrem e ouço teu choro a dizer , o coração a ficar, os olhos a vidrar e o corpo a partir...

maio 24, 2007

Memória do Real

Foto: Raul Alexandre

Traços de vida recortados antes do sol nascer
Arautos de escolhas tecidas no ventre negro
Da plenitude, da atitude máxima
em tentativa de deglutição absurdamente nervosa...
Traços de vida desperdiçados antes do sol morrer
E nem uma mensagem no caminho que se dobra
Permite o esquecimento
No fotolito quebrável da fragilidade
de sermos nossa e ser nossa recordação
no sempre...

maio 19, 2007

Neblina nua

Foto: Manuel A. Marques Lopes

Rasgas em mim a sede de me sentir alvo de sentidos
Potencias essa fúria ébria ao envolveres as asas de teu barco
Na solidão vazia...
Na neutralidade olfactiva de te procurar
Para saciar-me nas estradas tamanhas desse barco silente
Veleja-me... cobre-me na ruptura das águas
Muito antes de tudo fazer sentido
Muito antes de tu me fazeres sentidos
Os laços, os traços que essa tua água me dá...

maio 12, 2007

Calmante

Foto: Nanã Sousa Dias

Adoeço-me devagar entre as manhãs livres e as tardes incendiadas
E as noites ainda por dormir.
Adoeço-me sem pensar muito
Na melodia de meus olhos a enfrentar o sol
Latidos de agonia dentro da felicidade escassa de um sorriso-segundo
dentro de meu peito
dentro de minha fugacidade perversa de adoecer-me lentamente...
Parto...
Parto-me...
E sou pedaço escondido sempre à minha espera...

maio 09, 2007

Agradecimento ao Lobo do Mar

Agradeço ao João Marinheiro pela magia do seu blog entre as ondas e os sentimentos de tempestade violenta de alto mar... Visitem o blog: http://porquexistes.blogspot.com


Os meus nomeados são:
(por ordem alfabética)


Alisson: Todo Anjo é Terrivel

Eugénio Rodrigues em: Pierrot

João Marinheiro em: Memórias Virtuais


Sem esquecer todos aqueles que visito e revisito por me aconchegarem nos seus cantinhos...

abril 29, 2007

Sou pequenina



- Não... não digas isso...
- Sim digo porque não é verdade... A verdade é para ser dita com os olhos...
- Deixa-me ver...
- Sou...

abril 19, 2007

Partida III

foto: Mariah
Não me ocorre melhor ideia
Senão essa mesma de evadir-me em sol
Não me ocorre melhor ideia
Senão vestir as minhas asas de sonho
E tatuá-las de negro na dor de me ser
Não me ocorre melhor ideia
É tempo
É chegado o tempo
É tempo desse chegado
momento de tempo
Não me ocorre melhor ideia
Lancem os céus sob meus pés
Permitam-me partir...

abril 07, 2007

Boa Paz(coa)

Foto: António Lança

O homem não a sabe preservar...